Descoberta pode ajudar a melhorar diagnóstico e tratamento de endometriose


A endometriose, doença na qual o tecido uterino se instala fora do órgão, afeta de 10 a 15% das mulheres em idade reprodutiva. Pouco se conhece sobre as causas da moléstia, que é difícil de ser diagnosticada e pode causar cólicas severas e infertilidade.

É sabido que a doença tem componentes genéticos, inflamatórios e ambientais, mas os cientistas ainda não desvendaram o peso dos fatores nos sintomas de cada paciente. Em uma pesquisa publicada nesta quarta-feira no periódico Science Translational Medicine,pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) identificaram um padrão de moléculas do sistema imunonólgico que se relaciona com alguns sintomas de endometriose. Eles também descobriram a atividade celular que produz esse padrão.

Os cientistas analisaram o líquido peritoneal de 77 pacientes que reportaram sintomas de diferentes intensidades. Para cada amostra, eles mediram cinquenta proteínas, incluindo componentes inflamatórios conhecidos como citocinas. As citocinas regulam a resposta do corpo a um agente infeccioso, mas podem também causar inflamações na falta de um agente patogênico, como na endometriose.

Os pesquisadores descobriram que a atividade das citocinas estava associada a alguns sintomas, especificamente ovarianos e retovaginais. Esse padrão, que incluía treze citocinas, também era relacionado à fertilidade da paciente. "A descoberta pode ajudar cientistas a desenvolver um sistema de divisão de pacientes semelhante ao utilizado em mulheres com câncer de mama, cujo tratamento é adaptado ao perfil molecular do tumor", afirma a engenheira biológica Linda Griffith, líder do estudo.

A pesquisa também revelou que muitas das moléculas que compõem esse padrão são secretadas pelos macrófagos, um tipo de célula que atua como sentinela — patrulhando tecidos e expulsando materiais instalados fora do lugar. Eles agora investigam qual é o gatilho que dispara o sistema imunológico, que deve variar de paciente para paciente.

"Esse artigo não é para dizer que descobrimos a resposta. Nós fizemos uma descoberta interessante, mas que é apenas a ponta do iceberg", afirma Linda.

Extraído de: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/descoberta-pode-melhorar-diagnostico-e-tratamento-de-endometriose

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