Saúde pública sofre também com a falta de profissionais de enfermagem



Embora o déficit de médicos nas regiões mais pobres seja um dos maiores problemas enfrentados pela população, o país também enfrenta a falta de profissionais da enfermagem. De acordo com a Federação Nacional dos Enfermeiros (FNE), existe atualmente cerca de 450 mil pessoas nesta área, o que corresponde a 60% dos trabalhadores da saúde. Mesmo assim, o número é inferior ao que preconiza preconiza a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Hoje somos 0,99 enfermeiro para cada mil habitantes, quando deveríamos ser pelo menos 4 por mil, como é nos países mais desenvolvidos”, diz a presidenta da federação, Solange Caetano. De acordo com ela, há uma resolução do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) sobre o dimensionamento de pessoal que não é seguida pelos empregadores e nem pelos gestores de saúde. “Caso cumprissem, o numero de profissionais existentes no mercado de trabalho seria insuficiente.”

Favorável ao Programa Mais Médicos, a categoria sofre na pele a ausência desses profissionais nos locais de trabalho, seja pelas agressões físicas por parte dos usuários, seja pela sobrecarga de trabalho. Conforme a entidade, em todo o país, tanto no setor público como privado, os enfermeiros estão sobrecarregados, trabalham em condições precárias, em jornadas exaustivas e recebem baixos salários. “Quando se fala em condições salariais, a situação é pior no setor publico, com salários menores do que a media do mercado de trabalho. E em alguns estados até menos que o piso salarial instituído em convenção coletiva de trabalho para o setor privado”, disse.

No setor filantrópico e privado os salários são um pouco maiores porque os sindicatos negociam nos estados e podem instituir pisos em convenções. Já nos municípios, os salários são muito baixos e há problemas na contratação, que muitas vezes é irregular, através de cooperativas, prestação de serviços autônomos e contrato de emergência.

A média salarial dos enfermeiros é de R$ 2.800, bem menor do que será pago aos bolsistas do Mais Médicos (R$ 10 mil). “Há disparidade salarial entre os médicos e as demais categorias da saúde. É obvio que queremos ter benéficos e salários decentes, principalmente porque somos a base de sustentação da saúde no Brasil e não temos nenhum reconhecimento e muito menos valorização salarial”, disse Solange.

Para ela, o governo valoriza os bolsistas e não olha para aqueles trabalhadores que "têm carregado o SUS nas costas, que adoecem pela sobrecarga de trabalho, assédio moral e desvalorização que tem levado inclusive a suicídios".

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